Com o orvalho da manhã abrem as violetas, púrpuras e brancas dos braços da Alvorada.
Abrimos as janelas e o granito da casa ilumina-se. Em todos os lugares a brisa fresca abre caminho e renova.
Das gavetas irrompe o cheiro a linho lavado, bordado em.longas noites de Inverno.
A água chega da fonte em cântaro de barro.
O fogo crepita devagar, o caldeiro ferve com água, os legumes e a galinha fresca são adicionados em gestos simples que dançam com as labaredas.
Guardamos segredos bordados a linho.
Sentam-se em bancos baixos na soleira das casas onde a nossa linhagem morou e onde mora agora a silva, a hera e o vento.
Se virmos pelo canto dos olhos ainda têm as sombras que cantam de quem neles se sentou e esse tempo paciente fala connosco baixinho.
Em manhãs bem cedo e na calada da noite.
A estrela d’Alba e do bom pastor nunca nos falha.
São caminhos de cabras e encruzilhadas, estes. No limiar de todas as coisas, que só as Filhas da Mãe peregrinam com capa longa tingida a lama, cabelo desgrenhado e pés descalços.
Veridiana
Cobre de rosas o caminho, e para cada rosa um espinho. Até que o próprio coração se nos floresça em chão.
Veridiana traz a pomba branca e a cotovia.
Traz a ovelha e a loba.
Alumia a noite e alegra o dia.
Traz o verde e a vida no regaço.
Brota como água fresca além do cansaço.
Dizem que não há certeza na vida senão a morte.
Certo é, que nada é mais certo na morte do que a Vida.
Se a alma se quebra como as folhas caídas, será chão fértil de novas vidas, erguidas.
Veridiana
Senhora Verde Verdade
Temperança
Força, Foco e Fé
Leve o tempo que levar
A Água atravessa a Pedra
A Hera atravessa o Muro
A Água nunca se quebra.
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